segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ENSINO MÉDIO: COMO MELHORAR

Encruzilhada
Etapa intermediária, o ensino médio tem representado o estágio em que a educação deixa muitos alunos para trás. Reformulá-lo tem sido um desafio para vários países
Marta Avancini
FONTE: revistaeducacao.uol.com.br


Tradicionalmente, o ensino médio é uma espécie de filho do meio da educação brasileira, aquele que fica "esquecido" e "pressionado" entre o irmão mais velho e o mais novo. Sem uma identidade clara, com um currículo engessado e excessivamente acadêmico, além de sofrer com a falta de professores, acaba não preparando os alunos adequadamente para avançar nos estudos nem para ingressar no mercado de trabalho.

As deficiências se traduzem no fraco resultado do secundário no Ideb de 2009, que revelou a estagnação do desempenho dos alunos no país e piora em sete estados. Outro sintoma da crise é a falta de interesse dos adolescentes pela escola. Apenas a metade dos jovens da faixa etária adequada, de 15 a 17 anos, frequenta o ensino médio. E o que é pior: 2 milhões de jovens nessa faixa etária estão fora da escola.

Os problemas enfrentados pelo Brasil não são exclusividade nossa - ainda que aqui sejam mais acentuados. Vários países têm promovido reformas e ajustes nos seus sistemas de ensino com a finalidade de assegurar, ao maior número de estudantes possível, acesso a uma formação de melhor qualidade e significativa para o mundo do trabalho e a vida na sociedade do século 21.

E como o conhecimento está na ordem do dia e o ensino médio se tornou, em boa parte do planeta, o pré-requisito para obter um emprego, o desafio é formatar uma estrutura e um currículo que permitam aos jovens desenvolver qualificações para o trabalho e sua capacidade de aprender ao longo da vida.

Por isso, a diversificação da oferta, a criação de formas de equivalência e transição entre os diferentes tipos de curso dão o tom dos sistemas de ensino de boa parte dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Na Finlândia e nos Estados Unidos, a flexibilidade é o eixo. O país nórdico possui uma das estruturas mais flexíveis que se conhece: não existem séries e o currículo é organizado em módulos semestrais. Para se graduar, basta que o aluno acumule determinado número de créditos.

Nos Estados Unidos, o sistema educacional foi construído de modo a proporcionar o acesso à escola comum a todos os adolescentes, sem filtros e demarcações prévias - como ocorre na Alemanha e Inglaterra, onde somente os mais bem avaliados podem fazer os cursos secundários que se destinam aos futuros ingressantes nas universidades.

Desse modo, as high schools norte-americanas são, na verdade, três escolas no mesmo prédio, como explica o professor Cândido Alberto Gomes, da Universidade Católica de Brasília (UCB), no artigo "Ensino secundário nos Estados Unidos - Novos problemas e novas soluções": a escola acadêmica (para os alunos de melhor aproveitamento), a vocacional (preparação para o trabalho) e a geral (para os de menor aproveitamento). Em cada ramo, existem subdivisões por turmas, segundo o aproveitamento do aluno.

A diversificação, diz João Batista de Oliveira Araújo, presidente do Instituto Alfa e Beto, é a norma (não a exceção) no ensino médio nos países mais avançados. "Há diversificação dentro das escolas e entre as escolas." Nos países da OCDE, ela se dá por meio da oferta de um ensino médio acadêmico e um ensino profissionalizante. No ramo acadêmico, costuma haver uma divisão entre as grandes áreas do conhecimento; já o profissionalizante é organizado por profissões ou por áreas - tendência esta que vem ganhando espaço.

Mas, como aponta a superintendente executiva do Instituto Unibanco, Wanda Engel, os tradicionais modelos europeu e norte-americano não se ajustam mais às demandas da sociedade contemporânea. O primeiro (ou ao menos a direção que prevalece em muitos países europeus) é criticado por ser pouco democrático e excessivamente seletivo, na medida em que "predetermina na adolescência o que a pessoa será posteriormente". Na Holanda, por exemplo, define-se aos 12 anos de idade se o aluno vai para o ensino secundário vocacional, geral ou pré-universitário.

Já a falha do modelo norte-americano é agregar pouco à formação do jovem. "A flexibilidade é grande, capaz de atender a uma demanda muito variada, mas o aluno sai com pouca cultura geral", analisa Wanda.

Uso x acúmulo de informação
Num mundo competitivo, de mudanças aceleradas em que os diplomas valem cada vez menos (porque mais e mais pessoas têm um nível maior de escolaridade), é essencial que a educação seja útil. "O aluno precisa ter uma base bem ampla de educação geral não tanto para saber, por exemplo, leis da física, mas para aprender a conhecer, aprender a pesquisar e estar aberto ao novo", analisa Gomes, da UCB. O recado é claro: é mais importante saber usar a informação do que acumulá-la.

Nesse novo cenário, a palavra-chave é convergência. Convergência entre a educação geral e a profissionalizante, entre o ensino secundário e o superior, entre a escola e o mercado de trabalho/demandas do mundo contemporâneo. Isso para que a escola seja capaz de incorporar e manter os jovens, ofertando a eles uma formação que faça sentido.

O programa TechPrep, dos Estados Unidos, é um exemplo das estratégias adotadas para tentar tornar o ensino médio mais significativo para o aluno e a sociedade. Presente em quase metade das escolas secundárias, o TechPrep é um programa de participação voluntária, conduzido durante quatro anos de ensino secundário + dois de ensino superior. Uma de suas principais vantagens, explica Gomes, é que, ao aderir ao TechPrep, o jovem é induzido a formular, por si próprio, seus objetivos de carreira profissional.

Outro pilar do programa é o estudo contextualizado dos conteúdos da educação geral, os quais são trabalhados de maneira a explicitar as relações entre ciência e vida, ciência e tecnologia e teoria e prática - uma das chaves para tornar o ensino médio mais atraente e significativo para o jovem, nos termos de Wanda Engel, do Instituto Unibanco. "É importante que existam mecanismos que induzam à profissionalização não no sentido de aprendizagem de um ofício, mas que garantam aos jovens ferramentas para ingressar no mundo do trabalho."

As vantagens desse modelo são várias, pontua Gomes, da UCB: o progressivo envolvimento do aluno com o trabalho e a carreira, uma formação técnica aprofundada nos dois últimos anos, o ingresso num curso superior de caráter profissionalizante e com duração de dois anos e a obtenção de um diploma que habilita o jovem a avançar nos estudos.

Articulação com o mercado de trabalho
Também nos Estados Unidos, a Career Academies, nos dois últimos anos do secundário, permite que os alunos façam a opção por se matricular em um curso com um currículo organizado em torno do trabalho. A proposta inclui parcerias com o mercado laboral, para que os alunos tenham cursos práticos com duração de um ano.

Na Finlândia, os empresários, empregadores e educadores trabalharam juntos na construção do sistema de educação profissional em vigor atualmente, mais voltado para as necessidades dos adultos e das empresas do que o anterior. As qualificações são fundamentadas em competências, dividindo-se em profissionais (habilidades básicas), qualificações posteriores (atestando um trabalhador capacitado) e de especialista (domínio de habilidades complexas no
seu campo).

Já a Alemanha é conhecida pelo sistema dual, no qual existe uma profunda articulação entre a formação profissional e o mundo do trabalho, possibilitando até que o aluno estude num turno e trabalhe no outro.

Acadêmico + profissional
Na Alemanha e na Inglaterra, onde tradicionalmente a formação acadêmica não se mistura com a profissionalizante, está ocorrendo uma aproximação entre os dois campos. Isto porque, em decorrência das exigências do mercado de trabalho, o ensino profissionalizante está perdendo as características de um ensino aplicado, afirma Oliveira Araújo. Assim, o "viés acadêmico" passa a ser valorizado dentro da formação profissionalizante.

"Em países como a Alemanha, o ensino profissionalizante não é visto como um ensino de segunda categoria. Há um rigor muito grande, semelhante ao do ensino acadêmico", diz ele. Além disso, nos países da OCDE em geral está aumentando a carga de conhecimentos conceituais e científicos que fundamentam as ocupações. "Cada vez mais, a capacidade de planejar, analisar e tomar decisões é valorizada, por isso não basta saber apenas manipular objetos. Há uma crescente preocupação em dar aos jovens a possibilidade de compreender a lógica de funcionamento do mundo do trabalho e das organizações", afirma.

Além disso, em locais como a Alemanha e a França, de forte tradição profissionalizante, o secundário vocacional está se estruturando, de maneira crescente, em "famílias de ocupação" em vez de se afunilar em uma profissão e em especializações. "Assim, o aluno pode se engajar em diferentes tipos de ocupação."

Já no ramo acadêmico, complementa Oliveira Araújo, a tendência nos países da OCDE é aproximar os conteúdos transmitidos na escola aos avanços científicos e às suas aplicações no mundo real. "Isso acarreta tanto um aumento da exigência da capacidade de abstração quanto maior preocupação com a aplicação prática do conhecimento."

A maneira como esta tendência é implementada varia de país para país, mas é possível dizer que ela costuma se traduzir em atividades que aproximam o mundo real e a escola. Por exemplo: valorização das atividades em grupo, trabalho voluntário, associativismo, simulações de processos decisórios de empresas etc.

Na Espanha, desde os anos 1990, a tendência é a de superar a divisão entre o ensino médio acadêmico e o profissional, bem como valorizar esse segmento. Por isso, passou a existir apenas um exame de ingresso no ensino secundário e o ensino acadêmico incorporou a chamada "formação profissional de base", por meio de disciplinas em que são trabalhadas as aptidões para o trabalho (por exemplo, tecnologia e economia) e oficinas práticas.

Mais recentemente, em 2007, o bachirellato (acadêmico) fortaleceu a formação em ciências para todos os alunos por meio da introdução de uma nova disciplina, ciências para o
mundo contemporâneo.

Mais qualidade, menos desigualdade
Acompanhando a tendência dos países do Hemisfério Norte, o Chile realizou uma reforma do ensino médio na década de 1990 com a finalidade de reduzir as desigualdades, melhorar a qualidade e tornar o currículo menos enciclopédico. Isso num contexto que lembra o Brasil de hoje, em que o ensino médio convencional não é atraente e o ensino profissionalizante está distante das práticas do mundo do trabalho.

O caminho adotado para superar esses problemas foi uma reforma curricular, construída a partir de um amplo processo de discussão com as escolas e profissionais da educação, que estabeleceu duas categorias - a formação geral e a formação diferenciada - tanto para a educação geral quanto para a profissionalizante. Desse modo, dilui-se a distinção rígida entre os ramos acadêmico e profissionalizante e se reforça o valor da educação em ambas as vias.

Vale destacar ainda o pano de fundo das reformas no Chile: aumento do financiamento por aluno (incluindo recursos públicos, privados e contribuições dos pais) e a implantação de um Estatuto Docente, que significou aumento de salário e a oferta de incentivos pautados por desempenho aos professores, entre outras políticas.

Embora as soluções variem e estejam necessariamente associadas ao contexto social, histórico e cultural de cada país, a experiência internacional mostra que não há mais espaço para um ensino médio dissociado do mundo e do trabalho, nos termos de Wanda Engel. "O mundo mudou, está a caminho de um ensino de massa, vinculado à vida, à compreensão do mundo e às necessidades do trabalho e da cidadania", complementa Gomes, da UCB.

Essa ideia já está assimilada. Mas os desafios que a acompanham não são desprezíveis e abarcam desde a oferta de um ensino fundamental de qualidade para todos (a fim de que tenham condições de progredir nos estudos) até aceitar que há várias outras fontes de informação que concorrem com a escola e o professor, e que cabe a ambos revelarem-se suficientemente importantes para ajudar o aluno a transformar informação e saberes em conhecimento, além de mostrar-lhe o leque de opções, inclusive éticas, para utilizá-lo.

A tentativa brasileira

Financiado pelo governo federal e ainda funcionando de forma experimental, o programa Ensino Médio Inovador tem como meta incentivar a busca por novas soluções para essa etapa, frequentada por apenas 50,4% dos jovens de 15 a 17 anos em 2008, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). O programa apresentado pelo MEC possui quatro pilares: foco na leitura, incluindo diversas linguagens, como o teatro e o cinema; reserva de 20% da carga horária para disciplinas eletivas, escolhidas pelo aluno; aumento da carga horária de 800 para mil horas anuais e dedicação exclusiva do professor a uma escola. Dezessete estados brasileiros, além do Distrito Federal, aderiram ao programa nessa primeira fase. No total, são 357 escolas (58 delas ainda não receberam os recursos para o programa por pendências com o FNDE) e 296.312 alunos, cerca de 3,7% dos matriculados no ensino médio em todo o Brasil.

Desde 2008 Goiás desenvolve um projeto de ressignificação do ensino médio, em que as escolas definem suas ações, metas e matérias eletivas oferecidas. Com a adoção da proposta do MEC, as unidades incorporaram novas questões, como a interdisciplinaridade e o foco na leitura. O Colégio Estadual Professor Murilo Braga, em São João de Meriti (RJ) já desenvolvia vários projetos para estimular os alunos e combater a evasão na unidade, que era alta. O programa está servindo como um direcionador das atividades desenvolvidas. "O Ensino Médio Inovador nos deu subsídios para orientar os projetos extraclasse e tem nos auxiliado a pensar a integração entre as disciplinas e ações, que muitas vezes eram feitas isoladamente. A interdisciplinaridade é um desafio porque o professor precisa se reestruturar, já que sua formação foi compartimentada", diz a diretora Angélica Novaes.

No sudeste da Bahia, em Mutuípe, a implantação do programa federal no Colégio Estadual Professor José Aloísio Dias é mais um desafio para a unidade. A infraestrutura insuficiente - sem quadras, refeitórios ou salas de reuniões - e o reduzido quadro de funcionários e professores formados compõem as dificuldades enfrentadas diariamente. Ainda assim, a escola oferece quatro disciplinas eletivas para os alunos abordando leitura, inclusão digital, preservação da água e a proximidade com a comunidade por meio do projeto de memorial histórico e social da região. O aumento da carga horária também trouxe dificuldades quanto ao transporte, mas a unidade conseguiu refazer o horário dos veículos com a prefeitura.
(Marina Almeida)

sábado, 23 de outubro de 2010

CRIANÇA DE 5 ANOS NA ESCOLA

Criança de 5 anos poderá cursar 1º ano em 2011

São Paulo - Crianças com 5 anos de idade que frequentaram dois anos de educação infantil podem, em caráter excepcional, ser matriculadas no primeiro ano do ensino fundamental em 2011, segundo resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) publicada ontem no Diário Oficial. Para os demais casos, a matrícula no ensino fundamental deve ser para crianças com 6 anos completos até 31 de março.

As mesmas recomendações e o caráter "excepcional" para a matrícula de crianças com 5 anos haviam sido feitas no ano passado. Desde o início da implantação do ensino fundamental de nove anos, em 2007, o corte etário tem provocado polêmica. Conselhos estaduais de educação estabelecem datas próprias e decisões judiciais têm garantido a matrícula de todas as crianças de 5 anos.

Este ano, a resolução também orienta que as matrículas na pré-escola sejam feitas para crianças a partir de 4 anos. Antes disso, elas devem frequentar creches. "A regulação para o ensino infantil acerta o assunto da idade já na entrada do ensino básico", afirmou Cesar Callegari, da Câmara de Educação Básica do CNE. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

ENEM: SEGURANÇA DOBRADA


Enem exige uso de caneta preta e proíbe lápis e relógio durante prova

Questões de segurança levaram a restrições, segundo o Inep.
Provas ocorrem em 6 e 7 de novembro.

Do G1, em São Paulo


O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano terá restrições mais rígidas durante a realização das provas, em 6 e 7 de novembro deste ano. Os estudantes poderão usar apenas caneta esferográfica preta. Lápis e relógio estão proibidos de entrar nas salas de exame por questões de segurança, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Outros itens que devem ficar fora das salas, segundo o instituto, são borracha, apontador, lapiseira, grafite, livros, manuais, impressos, anotações, máquinas calculadoras e agendas eletrônicas ou similares, telefones celulares, pagers, bip, walkman, gravador, mp3 ou similar, ou qualquer receptor ou transmissor de dados e mensagens.

FONTE: g1.com.br


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

MAIS PÉROLAS DO ENEM 2009

- "VAMOS GRITAR NÃO À DEVASTAÇÃO E SIM À REFLORESTAÇÃO"

- " A NATUREZA ESTÁ COBRANDO UMA ATITUDE AMIS ENERGÉTICA DOS GOVERNANTES"

- " O POVO AMAZÔNICO ESTÁ SENDO USADO COMO BODE XPIATÁRIO"

- " O AUMENTO DA TEMPERATURA DA TERRA ESTÁ CADA VEZ MAIS AUMENTANDO"

- " NA CAMA DOS DEPUTADOS FORAM VOTADAS MUITAS LEIS"

- " O QUE VAMOS DEIXAR PARA NOSSOS ANTECEDENTES"

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

PROFESSOR: TO BE OR NÃO SER


No dia dos professores, docentes contam por que escolheram a carreira

Ligia Sanchez
Em São Paulo

A escolha da carreira docente está permeada de emoção. Seja por inspiração no trabalho de pessoas queridas, encantamento com professores da infância, sentimento de vocação desde pequenos ou mesmo para aqueles que chegaram por caminhos tortuosos, a permanência na profissão vem acompanhada de paixão. Mas, por que os professores escolheram essa profissão?

  • Divulgação/Gilvan Barreto/Tamires Kopp/Colégio Marista Arquidiocesano

    Professores contam por que decidiram exercer a docência

"Desde menina, eu sempre dizia que seria professora de crianças pequenas", conta Lisiane Hermann Oster, docente há nove anos no Sesquinho - Escola de Educação Infantil do SESC, em Ijuí-RS. "A opção veio do encantamento que tive quando era aluna, com professoras muito boas." Foi durante o curso de magistério que ela teve certeza da escolha. "Fiz muitos estágios e nessa prática concluí que era o que eu queria."

“Ainda adolescente eu me pegava em sala de aula ajudando os colegas, não só nas matérias, mas também dando apoio psicológico. Eu era o 'amigão'." Esta disposição pessoal combinou-se ao exemplo do irmão mais velho, que já fazia licenciatura, para que Alexandre Simonka já sentisse vontade de ser docente aos 13, 14 anos. Professor de física para ensino médio e responsável pelo departamento de informática do Colégio Vértice, em São Paulo, ele conta que, quando chegou o momento de escolher a carreira, não teve dúvidas em optar pela licenciatura.

"O baque veio quando comecei a dar aulas. Achava que por ser professor de física, só precisaria dar conteúdo, mas educação é muito mais que isso. Hoje vejo que o conteúdo é só um ensejo para estar do lado dos alunos, a física é uma ferramenta para desenvolver algumas habilidades, mas dentro da formação mais ampla."

Cair 'na realidade'

Antes de se graduar, Alexandre trabalhou no departamento de informática de uma rede de drogarias. "Eu tinha um ideal de dar aula onde pudesse desenvolver meus projetos", explica. Ele conta que alguns colegas o chamavam de utópico e o incentivavam a pegar aulas em escolas menos estruturadas, para cair "na realidade".

Formado, Alexandre foi contratado pelo Colégio Vértice. "Devo parte de minha formação a esta escola. Não só pude desenvolver minhas ideias como encontrei um ambiente fantástico, onde pude colocar em prática meu objetivo de ajudar as pessoas na concepção mais ampla da palavra educação", diz.

O começo da profissão parece ser o momento mais desafiador. "Com o primeiro impacto em sala de aula, me senti despreparado, neste momento até pensei que talvez esta não fosse minha profissão. Nos primeiros meses, fui um verdadeiro estagiário, pois, mesmo formado, a faculdade dá as bases, mas não mostra toda a realidade", afirma.

Ao fazer um balanço de seus 12 anos de carreira, Alexandre diz que as mudanças não param. "Aprendemos muito com a molecadinha, mais do que eles imaginam que aprendem conosco", diz.

A vocação falou mais forte

Ana Cristina Santos de Paula, professora de música do sexto ano do fundamental no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, chegou à carreira docente por vocação. Mas nem sempre teve clareza de que esta seria sua profissão. "Pensei em ser jornalista, tanto que cursei comunicação social. Mas minha vocação para música foi mais forte e acabei estudando licenciatura nesta área. Como a música é muito expressiva, senti necessidade de compartilhar e a educação foi o caminho."

Para Ana Cristina, ser professora é uma oportunidade de estar sempre aprendendo. "O contato com o jovem e a criança propicia uma constante renovação, porque eles estão abertos a conhecer o mundo."

Sem perder o contato com a prática

A diretora da Faculdade de Educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Neide Noffs, tem um histórico como professora que passa por todos os níveis de ensino, desde o infantil até especialização. Ela começou a lecionar aos 18 anos, ainda cursando pedagogia, e tomou tanto gosto pela profissão que tornou-se doutora em didática pela USP.

"Há 30 anos, ser professora era uma profissão muito bem vista. Meus pais não têm diploma de ensino superior. Tive a oportunidade e me interessei por pedagogia." Um teste vocacional que apontou seu talento para a área de humanas combinou com seu gosto para relações pessoais. Durante a faculdade, o estágio na Escola Experimental da Lapa (um centro educacional de referência até a década de 70) despertou a paixão pelo ensino.

“Tenho o credo de que pessoas podem se modificar com um processo de educação de qualidade”, define, explicando como acabou se mantendo na área por tanto tempo, mesmo tendo recebido propostas de empresas, até mesmo mais atrativas financeiramente.

Para Neide, a formação de professores sempre foi um tema de interesse. “Pesquiso o papel do professor na contemporaneidade, desde a década de 80, estudo o que é ser professor em cada época.” Apesar da dedicação acadêmica, Neide acha importante não perder o contato direto com as escolas. Ela coordena um projeto de formação de professores e presta assessoria educacional ao município de Cajamar (SP). “É preciso saber quais os problemas, os entraves no cotidiano. Só posso ter tal visão em contato com o chão da escola”.

Os alunos são companheiros

A inspiração de uma professora de infância também leva educadores a optar pela carreira. "Na sétima série, tive uma professora de português chamada dona Linda. Ela tinha uma alegria e um amor pela profissão que conseguiu fazer com que me apaixonasse pelo conteúdo – naquela época muito mais formal", conta Andreia Martinhago, professora de língua portuguesa para o fundamental II no Colégio Rio Branco - unidade Higienópolis, em São Paulo.

Andreia diz que, na hora de escolher a faculdade, ficou em dúvida entre direito e pedagogia. "Mas a força da dona Linda falou mais forte", brinca. Ela começou a dar aulas aos 19 anos, ainda cursando a faculdade, para o ensino médio. "Os alunos tinham quase a minha idade, foi desafiador porque eu não tinha experiência nem de vida, nem de prática de ensino", diz. Com quase 30 anos de magistério, Andreia considera que a educação é sempre um desafio. "Hoje os alunos são nativos digitais, tive que aprender a dominar a tecnologia para poder chegar perto deles. Mas eles ajudam, são companheiros."

Escolhida

"Não fui bem que escolhi ser professora. Deus, a vida em si, acabam escolhendo a gente. E me sinto capacitada, privilegiada e preferida, por trabalhar com o produto mais rico e delicado, que é o ser humano em sua infância". Esta é a definição para a dedicação ao magistério de Célia de Almeida Barros, professora do segundo ano do fundamental I do Colégio Marista Arquidiocesano, em São Paulo.

Ela conta que desde criança, brincava de ser professora. “Não recebi influência de ninguém, é um dom, um desses mistérios que acontecem na vida. E é maravilhoso”, afirma.

Há 30 anos como professora, Célia seguiu o caminho tradicional, do curso normal, seguido pela pedagogia e especializações em psicopedagogia e psicodrama, tendo começado aos 17 anos. Depois deste longo caminho, ela demonstra verdadeira realização na carreira. “Sinto-me jovem pelo trabalho com as crianças, elas dão uma energia que me faz esquecer os problemas da vida.”


FONTE: http://educacao.uol.com.br

terça-feira, 12 de outubro de 2010

PARA QUEM ACREDITA OU TEM ESPERANÇAS...

Depende de Nós

Ivan Lins

Compositor: Ivan Lins / Vitor Martins



Depende de nós
Quem já foi
Ou ainda é criança
Que acredita
Ou tem esperança
Quem faz tudo
Pr'um mundo melhor...

Depende de nós
Que o circo
Esteja armado
Que o palhaço
Esteja engraçado
Que o riso esteja no ar
Sem que a gente
Precise sonhar...

Que os ventos
Cantem nos galhos
Que as folhas
Bebam orvalhos
Que o sol descortine
Mais as manhãs...

Depende de nós
Se esse mundo
Ainda tem jeito
Apesar do que
O homem tem feito
Se a vida sobreviverá...

Que os ventos
Cantem nos galhos
Que as folhas
Bebam orvalhos
Que o sol descortine
Mais as manhãs...

Depende de nós
Se esse mundo
Ainda tem jeito
Apesar do que
O homem tem feito
Se a vida sobreviverá...

Depende de nós
Quem já foi
Ou ainda é criança
Que acredita
Ou tem esperança
Quem faz tudo
Pr'um mundo melhor...

Depende de nós!
Depende de nós!
Depende de nós!...

DIA DAS CRIANÇAS


PELO DIA DAS CRIANÇAS...UM MOMENTO DE ESPERANÇA ...TUDO POR UM MUNDO MELHOR

MENOS ESCOLARIDADE, MENOS EMPREGO

Desemprego cresce entre os mais pobres, indica estudo

Baixa escolaridade e discriminação racial são apontados como motivos desse crescimento

A parcela mais pobre da população desempregada não foi beneficiada pela reativação do mercado de trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil. Entre agosto de 2004 e agosto deste ano, a taxa de desemprego dos 20% mais pobres (com renda per capita domiciliar inferior a R$ 203,3 por mês) saltou de 20,7% para 26,27%, enquanto o desemprego total caiu de 11,4% para 6,7%.

Entre os 20% mais ricos (com renda per capita domiciliar superior a R$ 812,3 mensais) a taxa de desocupação despencou de 4,04% para 1,4% nesse mesmo período. As informações são de levantamento inédito feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base nos dados da pesquisa mensal de emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ENSINO SUPERIOR PÚBLICO OU PRIVADO

Só um quarto da classe C pensa em faculdade pública


Pouco mais de um quarto dos jovens da classe C (27%) planeja prestar vestibular para universidades públicas, enquanto 37% pretendem fazer uma faculdade, e esta pode ser uma instituição particular. Os dados são do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) e foram divulgados na última terça-feira (5).

O Ibope perguntou aos 20 mil entrevistados se concordavam com as seguintes afirmações: pretendo ingressar em alguma faculdade e pretendo prestar vestibular em alguma universidade pública.

Para especialistas ouvidos pelo R7, os números revelam que esse grupo está mais preocupado em estudar para conseguir uma boa colocação no mercado do que para obter uma formação acadêmica. Maria do Carmo Peixoto, professora da Faculdade de Educação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), classifica como “pragmática” essa decisão.

- Do jeito que anda o mercado de trabalho, em expansão e com oferta, o ensino superior privado é uma possibilidade de buscar um trabalho novo sem o grau de concorrência que as instituições públicas exigem.

TODO BRINQUEDO PODE SER EDUCATIVO...

Dia da Criança: todo brinquedo pode ser educativo, dizem especialistas

Ligia Sanchez
Em São Paulo

Em meio a tanta oferta de modelos, preços e tipos de brinquedos, muitos pais se perguntam qual a melhor escolha para presentear seus filhos no Dia da Criança. O aspecto educativo ganha cada vez mais importância. Especialistas apontam, no entanto, que não são só os produtos classificados e vendidos com funções educativas que cumprem esta tarefa.

“Todo brinquedo pode ser educativo, desde que a criança se envolva com o jogo e interaja com as relações simbólicas”, afirma Ana Marotto, coordenadora educacional do Colégio Equipe, de São Paulo. Considerando variadas habilidades e conteúdos que podem ser aprendidos com os brinquedos, ela diz que é importante diversificar as temáticas oferecidas às crianças.

Outra sugestão de Ana é observar o que as crianças gostam. “É preciso conhecê-la e proporcionar os brinquedos que estejam de acordo com seus interesses”, explica. Segundo a educadora, dentro das preferências da criança também é possível enriquecer seu repertório: se um menino gosta muito de videogame, é possível oferecer jogos sobre diferentes conteúdos, por exemplo.

Ela também recomenda que se evite a compra de produtos da moda, que acabam jogados pela casa sem uso efetivo pelas crianças.

A professora Tizuko Morchida Kishimoto, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, concorda que qualquer brinquedo é educativo. "A criança pode explorar e aprender pelo tato, pelo movimento, cheiro, formas, cor, gosto". Assim, diz, quase todo objeto pode se tornar um brinquedo.

Museu

Tizuko é uma das responsáveis pelo Museu da Educação e do Brinquedo da Faculdade de Educação da USP, onde podem ser vistos objetos do universo infantil desde o início do século até os dias atuais, como bonecos, jogos de tabuleiro, de cartas e eletrônicos. O acervo com 197 peças em exposição também contém miniaturas de animais e utensílios indígenas, peças regionais e de diferentes países, como Japão, Sri Lanka, Croácia e Índia. Há ainda uma exposição de fotos da educação no Brasil no início do século XX.

Daniel Ferraz, coordenador do museu, explica que a proposta é romper com a ideia de que o brinquedo envolve só a parte lúdica. "Existem valores que são transmitidos e um entorno cultural no qual o brinquedo está inserido, em cada época e lugar."

Serviço

Museu da Educação e do Brinquedo da Faculdade de Educação da USP

Av. da Universidade, 308 - CEP 05508-040 - São Paulo - SP

Horário: segundas, quartas e sextas-feiras, das 13h30 às 16h30; terças e quintas-feiras. das 9h30 às 12h30

Informações e agendamento de grupos: (11) 3091 2352

Entrada gratuita