sexta-feira, 11 de junho de 2010

ESCOLA TEMPO INTEGRAL: BOA OPÇÃO

Experiências mostram que educação integral pode continuar avançando no Brasil

Desirèe Luíse

Debatedores que estiveram presentes no Colóquio de Educação Integral, realizado na última semana em São Paulo (SP), acreditam que há possibilidades de o Brasil avançar na implementação da educação integral. Projetos desenvolvidos no país retratam condições para o progresso das ações, apesar dos desafios.

Em Palmas (TO), um projeto de educação integral começou a ser colocado em prática em 2008. “Na Escola [Municipal] Cora Coralina, colocamos oficineiros no contraturno escolar. As crianças têm aulas de filosofia, dança, xadrez e inglês”, relatou o secretário de educação de Palmas e professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Danilo de Melo Souza.

No regime de contraturno, enquanto metade dos alunos está em sala de aula cursando as disciplinas da grade curricular, a outra metade desenvolve outras tarefas. Os alunos da Cora Coralina permanecem em atividades educativas em média 9 horas e meia por dia. “O custo anual por cada criança do ensino fundamental é de R$ 1985. Agora, a educação infantil é o nosso principal problema, porque é mais cara”, revelou o secretário.

Nesse sentido, pensar na sustentabilidade é fundamental. Segundo Souza, em alguns casos, reestruturar a rede educacional, com a ampliação de vagas, a redução com os gastos indiretos das secretarias e a melhora do gerenciamento dos recursos do transporte e merenda resultam em economia suficiente para ser aplicada no aumento da jornada escolar. “Uma de nossas escolas na zona rural gastava R$ 5 mil apenas em transporte, porque tinha que fazer quatro viagens. Agora, com as crianças em tempo integral, o ônibus faz apenas duas”, completa.

Em ano de eleição, o ex-secretário municipal de educação de Nova Iguaçu (RJ), Jaílson de Souza Silva, se mostrou preocupado com a continuidade no processo de implementação da educação integral. “Como garantir um plano de política pública com mudança de gestão? Em Nova Iguaçu, a experiência da educação integral estava ocorrendo bem, mas há dificuldades político-partidárias também”.

O Programa Mais Educação, uma das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), criado em 2008, tem como objetivo garantir políticas sociais em curso no Brasil para aumentar a oferta educativa no ensino público. No entanto, a integrante do Centro de Estudos em Educação, Cultura e Ação Comunitárias (Cenpec) Raquel Souza pontuou que “os desafios de gestão são tão complexos quanto a implementação da educação integral. É preciso pensar em cada cenário do país que é muito diverso”. Responsável pela área do monitoramento de políticas públicas do Cenpec, Raquel acredita que “as atuais experiências de educação integral acontecem no campo da experimentação, com mecanismos de avaliação, monitoramento e implantação novos”.

O secretário municipal de educação de Belo Horizonte (MG), Macaé Evaristo, ressaltou a importância da destinação dos recursos financeiros. “A educação integral traz um novo olhar para as cidades, mas o governo precisa investir mais. A ideia de democratizar os espaços públicos está inserida nesse pensamento de educação cultural e integral. Na capital mineira, onde não há clubes públicos, uma criança da periferia não pode nadar, enquanto clubes privados estão ociosos de segunda a sexta-feira”.

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de emenda constitucional cujo objetivo é implantar a obrigatoriedade do ensino integral na escola básica brasileira. O autor da emenda, deputado Alcenir Guerra (DEM), partiu da experiência em educação integral da cidade de Pato Branco (PR) e outros municípios brasileiros.

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