Bem-amado de Cristo, Judas não traiu Jesus nem se suicidou, mostra romance bíblico
ARIADNE ARAÚJO
colaboração para a Livraria da Folha
Divulgação |
Romance se apóia em descobertas para recontar história de Judas |
De o mais infame traidor das histórias religiosas, ele foi alçado ao seu verdadeiro papel de discípulo bem-amado de Cristo. A verdade por trás da história de Judas Iscariotes gerou comoção em 2005, com a descoberta de um manuscrito em péssimo estado, no deserto egípcio, que apenas os eruditos desconfiavam existir. Os fragmentos, chamados agora de Evangelho de Judas, abalaram não só pesquisadores no mundo todo, mas fizeram o Vaticano reconsiderar o caso do homem que, por 20 séculos, foi sinônimo de traição.
Em "Judas, o Bem-Amado" (Bertrand), o ensaísta, erudito e romancista Gerald Messadié vai construindo a imagem desse personagem lendário que, de tão dedicado ao seu Mestre, foi arrastado à pior desgraça. Pois, ao contrário do que nos foi contado desde a infância, Judas não traiu Jesus em troca das tais 30 moedas, mas teria atendido a um difícil pedido do próprio Cristo: "Você é quem deve lhes revelar onde estarei, depois da ceia de Nicodemos". Judas, ainda sem fôlego, teve forças de pedir: "Mestre, peça a um outro".
Para escrever seu romance bíblico, Messadié se apoiou em evangelhos canônicos, textos bíblicos e os da exegética moderna, que é a área da teologia cristã que estuda e interpreta livros sagrados. A partir desse material, o autor revela o porquê da hostilidade ferrenha que levou o clero de Jerusalém a pedir a morte de Jesus. Os judeus adoravam o Criador que, no início, criou tudo, o bem e o mal, Jeová e Satã. Mas o Mestre pregava outra coisa: "O Criador é um deus indiferente. Não é o nosso, Somente Jeová é o Deus Bom".
No romance bíblico de Messadié, surge uma história bem diferente da versão tradicional. Além da reabilitação do nome de Judas, o Mestre teria escapado com vida dos suplícios da cruz. Judas viu o Mestre com sangue nos lábios e teve aí um sobressalto. Os cadáveres não sangram. "Ele sabia, ele sabia! Jesus não estava morto!". No túmulo, no Monte das Oliveiras, para onde foi levado, Jesus recobra os sentidos e murmura: "Então estou vivo".
"O que deveria ser, não será", disse Jesus, ao dar-se conta que tinha sobrevivido ao suplício na cruz. Na tumba, aos companheiros, Ele tenta entender: "Então, é uma outra história e não a minha". Pois, para o Cristo do livro de Messadié, se Ele não fora sacrificado conforme era previsto nas Escrituras, a cólera do Pai não tinha sido conjurada e, então, a ignorância iria durar ainda muito tempo no mundo. "O combate, então, será bem mais demorado e mais cruel".
Os diálogos, as paisagens, o clima histórico, os conflitos - a história é a mesma, a história é bem diferente. Gerald Messadié resolve contradições presentes nos Evangelhos. Onde há dúvida e lacunas, ele preenche com soluções possíveis. Assim, Judas, o bem-amado de Cristo nem teria traído nem se suicidado. O fato de ter sido encontrado enforcado em uma árvore tem outra explicação. No posfácio, o autor diz que essa nova história não altera em nada o ensinamento de Jesus, "mas sacode muitos pontos de uma tradição baseada em dogmas".
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"Judas, o Bem-Amado"
Autor: Gérald Messadié
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 266
Quanto: R$ 28,80 (preço promocional, por tempo limitado)
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha
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