sexta-feira, 13 de março de 2009

O GUARDADOR DE REBANHOS (reflita)

Não acredito em DEUS porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, aqui estou !
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(isto é talvez ridículo aos ouvidos de quem ,
Por não saber o que é olhar para as coisas,
Não compreende quem fala delas com o
Modo de falar que reparar para elas ensina.)
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Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele a toda hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
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Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus ?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar,
Porque, se ele se fez, para eu ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
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E por isso eu obedeço-lhe,
( Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio ?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda hora.
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Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos nâo mostrou...

(Alberto Caeiro)

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