segunda-feira, 2 de novembro de 2009

DICAS: HÁ ou A

"A dois jogos sem vencer" ou "há dois jogos sem vencer"?

Por Thaís Nicoleti
"O Atlético-MG, que esteve entre os mais bem colocados por 18 rodadas, está a dois jogos sem vencer."

"Já fazem mais de 50 anos que isso ocorreu."

"E isso aconteceu a duas horas de a bola começar a rolar!"


A indicação de tempo decorrido em língua portuguesa pode ser feita com o emprego impessoal do verbo "haver" ou do verbo "fazer". Quando se diz que o emprego é impessoal, está claro que, nas construções a que nos referimos, esses verbos não terão sujeito, motivo pelo qual permanecerão na terceira pessoa do singular.

Normalmente, encontramos orações do tipo "Há dois anos, o time foi campeão", ou seja, o time em questão obteve o título dois anos atrás. Observe-se que o emprego da forma verbal "há" alterna com o do advérbio "atrás", pois ambos carregam a informação de passado - para evitar a redundância, não dizemos " dois anos atrás", mas "há dois anos" ou "dois anos atrás".

No primeiro fragmento destacado, porém, o problema é a velha confusão do verbo "haver" com a preposição "a". Ao dizermos que o time está "há dois jogos sem vencer", estamos fazendo uma marcação temporal ("dois jogos" equivalem a certo tempo decorrido), daí a necessidade de empregar a forma "há".

Note-se, por outro lado, que é a preposição "a" que corretamente se emprega quando o fato está projetado no futuro, portanto quando estamos antes dele - é o que se vê no terceiro fragmento, cuja construção está correta: "a duas horas de a bola começar a rolar" quer dizer "duas horas antes de o jogo começar".

No segundo fragmento, ocorreu um dos mais comuns erros de concordância observados na linguagem escrita, que nasce, provavelmente, da hipercorreção, fenômeno que se dá quando o falante, por excessiva preocupação com a correção gramatical, interpreta como incorreto aquilo que está, de fato, correto.

O falante força uma concordância que não existe ao dizer "fazem 50 anos que...". Na verdade, o verbo "fazer", ao indicar tempo decorrido, não tem sujeito - fica, portanto, na terceira pessoa do singular, independentemente do seu complemento. Assim: faz uma hora, faz duas horas, faz 50 anos etc.

Veja, abaixo, os textos corrigidos:

O Atlético-MG, que esteve entre os mais bem colocados por 18 rodadas, está há dois jogos sem vencer.

Já faz mais de 50 anos
que isso ocorreu.

E isso aconteceu a duas horas de a bola começar a rolar!

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