quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ESTUDAR E TRABALHAR. EIS O DILEMA

Dupla jornada de trabalho e estudos prejudica universitários, mostra pesquisa

Da Redação*
Em São Paulo
Universitários que também trabalham sofrem com problemas da redução do sono, como alto nível de sonolência diurna e o aumento no tempo de reação, que pode, por exemplo, estar relacionado a acidentes de trabalho.

A longo prazo, os efeitos das poucas horas dormidas podem ficar mais graves. O indivíduo pode desenvolver um distúrbio de sono e episódios de micro-sonos involuntários durante o dia, em que a pessoa dorme sem perceber enquanto está realizando alguma atividade.

Essas são algumas das conclusões de uma pesquisa desenvolvida pela bióloga Roberta Nagai Manelli, da FSP (Faculdade de Saúde Pública) da USP (Universidade de São Paulo). O estudo conclui que a dupla jornada - profissional e acadêmica - interfere negativamente no tempo que estudantes universitários dedicam às aulas.

A tese de doutorado "O trabalho de jovens universitários e repercussões no sono e na sonolência: trabalhar e estudar afeta diferentemente homens e mulheres?" mostra que os universitários que trabalham durante o dia e estudam à noite apresentam redução no tempo de sono durante os dias úteis da semana e têm "rebote de sono" aos finais de semana.

"Durante os dias de trabalho, os estudantes têm um 'dia longo', pois acordam muito cedo por causa do trabalho e dormem muito tarde devido à vida acadêmica. Com essa dupla jornada, eles apresentam expressiva redução no tempo de sono, o que pode influenciar negativamente o desempenho acadêmico, no trabalho e no tempo livre que dispõe durante a semana. Os universitários que têm jornadas de trabalho mais longas foram aqueles que mais faltaram às aulas, comprometendo o desempenho acadêmico", explica Roberta.

Foi observado que os estudantes que trabalham dormem, em média, de 5 a 6 horas por noite. Segundo a pesquisadora, não é possível dizer se é uma média baixa, pois isso depende de cada um. "Há pessoas conhecidas como 'grandes dormidores', que precisam dormir mais de 8 ou 9 horas por noite e existem também os 'pequenos dormidores', que precisam dormir bem menos do que 8 horas", diz.

Padrões de sono

Algumas diferenças foram verificadas nos padrões de sono da faixa etária estudada. A principal diferença está em relação à duração de sono e sonolência entre homens e mulheres. "Como já havia sido observado na literatura, a duração do sono das mulheres foi maior que a dos homens. Tanto nos dias de trabalho quanto nos finais de semana essa diferença foi em torno de 1 hora. Alem disso, as mulheres apresentaram maior eficiência de sono. No entanto, ainda assim, as mulheres apresentaram maiores níveis de sonolência quando comparadas aos homens e maiores tempos de reação", explica Roberta.

Nos finais de semana foi observado o chamado "rebote de sono", no qual a duração de sono foi mais de 1,5 horas maior se comparada aos dias de trabalho. Segundo a pesquisadora, "os resultados da pesquisa mostraram que menores níveis de sonolência e tempos de reação mais rápidos foram observados nos finais de semana. Possivelmente, o aumento do alerta no domingo pode ser um reflexo de duas noites de sono em que os jovens puderam dormir o quanto desejavam".

*Com informações da Agência USP

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