Contradições na educação
A Secretaria da Educação do Estado (SP) lança um projeto formidável, que acredito pioneiro, de introdução do cinema nas escolas.
Me parece até um tanto utópico, na medida em que o cinema deixa de ser um apoio confortável ao trabalho com disciplinas mais "áridas", para ser considerado em sua especificidade de objeto estético. Mas sem sonhar não há o que vá em frente.
O trabalho é forte, embora se possa fazer ao menos um reparo: me parece que todo um programa antigo da FDE, em que se desenvolviam cadernos sobre filmes específicos, ficou de lado. E ali havia coisas muito, muito boas.
O projeto está feito e lançado, isso é importante. Pode não dar certo, mas é um passo muito forte para a introdução da preocupação com a imagem na educação, o que não é nenhuma perfumaria, considerando a presença e importância da imagem em nosso mundo.
Ao mesmo tempo, ouço me dizerem que o salário inicial do professor em SP está na casa de R$ 7,00 por hora, a 40 horas por semana. No total, dá coisa de R$ 1.800,00. Se eu estiver errado, por favor alguém me corrija, porque achei que estavam de gozando.
Com esse salário não vejo como esperar que professores ensinem uma coisa tão nova quanto imagem. Aliás, não vejo como esperar que ensinem o que quer que seja.
Então, a iniciativa da Secretaria vem essa contradição muito pesada: propõe uma inovação disciplinar muito interessante e bem desenvolvida, mas não cria condições mínimas para que seja testado e desenvolvido.
Não estudo o assunto, mas me parece evidente que, no Brasil, ou se ataca a questão do ensino e da cultura (isto é, da educação) a sério, coisa que se perdeu há uns 40 anos, ou nossos sonhos de país desenvolvido vão para o buraco.
Por Inácio Araujo às 04h45
FONTE: www.educacao.uol.com.br
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