sábado, 27 de março de 2010

A CIRANDA E O APRENDER

Entre na roda

Brincar de ciranda estimula as crianças a desenvolver movimentos e conhecer como culturas diferentes vivenciam a dança

Lorena Verli (novaescola@atleitor.com.br)

Foto: Paulo Vitale
DANÇA DIVERTIDA Na EM Maria Elisa Quadros Câmara, a turma inova com os movimentos da ciranda
Foto: Paulo Vitale

Reunir a turma em círculo para cantar e dançar é mais que resgatar uma brincadeira antiga e popular para proporcionar diversão aos pequenos. Brincar de roda (ou de ciranda, como é dito em algumas regiões do Brasil) é uma maneira de se expressar artisticamente. Ao propô-la, o professor desenvolve nas crianças a compreensão da capacidade que elas têm de se mexer, criar e controlar os próprios movimentos. "Isso provoca o descobrimento do próprio corpo e de tudo o que é possível fazer com ele", explica Silvia Lopes, professora de dança na Escola Grão de Chão, no Espaço Brincar, na Escola Jacarandá e no Colégio Oswald de Andrade, todos na capital paulista.

E, por ser uma atividade que obrigatoriamente tem de ser realizada em grupo, os pequenos aprendem a importância de se relacionar com os colegas, respeitando o espaço e a vez de cada um, segundo Arlenice Juliani, arte-educadora do Grupo de Estudos de Danças Circulares. Esse é um ponto importante a ser trabalhado durante as cirandas, já que explorar atitudes cooperativas e solidárias é um dos principais objetivos da Educação Infantil.

Quando organiza rodas populares, como Ciranda, Cirandinha, Atirei um Pau no Gato e Esquindô-Lê-Lê, o educador também proporciona a introdução a um importante conteúdo a ser trabalhado no Ensino Fundamental pelas disciplinas de Educação Física e Arte - a dança -, já que a atividade favorece o contato com os hábitos musicais de outras culturas, como a pernambucana e a cigana (leia a sequência didática), o desenvolvimento da noção de ritmo e a percepção da necessidade de ajustar as expressões corporais à música cantada. "Quando brincamos de roda com as turmas da pré-escola, exploramos a aprendizagem dos movimentos feitos coletivamente", diz Eva Maísa, coordenadora pedagógica EM Maria Elisa Quadros Câmara, em Bragança Paulista, a 90 quilômetros de São Paulo.

Apesar da possibilidade de trabalhar vários aspectos durante as cirandas, é importante lembrar que, por mais que algumas das músicas deixem claro como os movimentos devem ser feitos, a garotada ainda não tem muita capacidade de executar todos com precisão na Educação Infantil. A expectativa não pode ser essa. O importante é que todos participem, se relacionem bem com o grupo e tentem executar os comandos corretamente com o passar do tempo. Então, o professor não pode ficar fora da brincadeira.

Ele é um modelo para as crianças e fornece o repertório de gestos e posturas a serem imitados. Outro papel que cabe a ele é pensar as adequações necessárias para tornar os movimentos mais convenientes ou desafiadores. Com um pouco de pesquisa na comunidade local e em livros que abordam o tema historicamente e reúnem sugestões da brincadeira, descobre-se que, mais que rodar de mãos dadas, muitas cirandas podem ser vivenciadas de maneiras diversas, como com os pés entrelaçados e de costas para o centro da roda.

Quer saber mais?

CONTATOS
Arlenice Juliani
EM Maria Elisa Quadros Câmara, tel. (11) 4034-5056
Eva Maísa
Silvia Lopes

BIBLIOGRAFIA
Brincadeira de Roda, Denise Rochael, Ed. Formato, 15 págs., tel. 0800-011-7875, 15,80 reais
Música na Educação Infantil - Propostas para a Formação Integral da Criança, Teca Alencar de Britto, 208 págs., Ed. Peirópolis, tel. (11) 3816-0699, 46 reais

DISCOGRAFIA
CD Abra Roda Tindolelê
, Instituto Brincante, tel. (11) 3816-0547, 30 reais

FONTE: http://revistaescola.abril.uol.com.br/educacao-infantil

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