Manifestante carrega policial durante protesto
Mariana Mantelli, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO- O confronto entre professores da rede estadual de ensino e a Tropa de Choque da Polícia Militar já deixou cinco pessoas feridas por balas de borracha nas ruas que levam ao Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, por volta das 18 horas desta sexta-feira, 26.
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Professores municipais apresentam reivindicações
O governo de São Paulo informou a representantes dos professores que não negociará reajuste salarial enquanto durar a greve da categoria, que começou no dia 8.
O cruzamento da rua Wagih Assad com a avenida Giovanni Gronchi virou uma praça de guerra. Alguns manifestantes quebraram um vaso da rua e jogaram as pedras nos policiais, que revidaram com balas de borracha e gás de efeito moral. Um policial também chegou a jogar pedras.
No meio da confusão, uma pedra explodiu o vidro do carro do jornal O Estado de S. Paulo.
Os secretários-adjuntos da Casa Civil, Humberto Rodrigues, e da Educação, Guilherme Bueno, receberam dez integrantes do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) para uma reunião de 40 minutos no Palácio dos Bandeirantes. Os sindicalistas deixaram a sede do governo sem falar com a imprensa.
Segundo fontes do governo, Serra preferiu não negociar pessoalmente com os professores pois não quer passar a impressão de que esteja cedendo aos manifestantes. O governador e seus assessores avaliam que o movimento é mal visto pela maioria da população.
Manifestantes entram em confronto com tropa de choque
Os professores da rede estadual de ensino decidiram, por volta das 16h45 desta sexta-feira, 26, manter a paralisação da atividade.
Cerca de 7 mil pessoas participaram da manifestação, segundo a Polícia Militar. Com várias bandeiras da Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da União Nacional dos Estudantes (UNE), muitos manifestantes gritavam frases contra o governo, chamando-o de "intransigente" e "autoritário".
Esse é o terceiro protesto da categoria. Nas manifestações anteriores, os professores fecharam a Avenida Paulista. No dia 12, o ato reuniu cerca de 12 mil pessoas. No dia 19, outra passeata na mesma região contou com 8 mil.
A classe reivindica reajuste salarial de 34%, incorporação imediata das gratificações e o fim das provas dos temporários e do programa de promoção.
"Movimento político"
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação informa que não mudará programas criticados pelo sindicato, como o de Valorização ao Mérito e a criação da Escola Paulista de Professores. Para a secretaria "são esses os programas que estão permitindo melhorar a educação de São Paulo". Segundo a nota, a greve afeta 1% das escolas estaduais.
O governo voltou a classificar como "político" o movimento da Apeoesp. "O sindicato convocou a greve sem que tivesse tentado nenhuma negociação com a Secretaria da Educação, o que evidencia sua finalidade política", diz a nota. "A secretaria lamenta a truculência e a violência dos sindicalistas, que nessa semana fizeram baderna até mesmo dentro de um hospital."
A íntegra da nota:
"Uma comissão de sindicalistas foi recebida por representantes da Secretaria da Educação e da Casa Civil no Palácio dos Bandeirantes. O governo informou que só aceita conversar sobre salários após o fim da greve. A Secretaria da Educação também informou que não vai mudar nenhum dos programas que são combatidos pelo sindicato, como o Programa de Valorização pelo Mérito, que dá aumento de 25% de acordo com o resultado de uma prova; a lei que acabou com a possibilidade de faltar dia sim, dia não; e a criação da Escola Paulista de Professores, com a abertura de concurso para dez mil novas vagas. São esses programas que estão permitindo melhorar a educação de São Paulo, com o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado tendo melhorado 9,4% em 2009 em relação a 2008. Ainda nesta semana o governo pagou R$ 655 milhões em Bônus por Resultado para 210 mil profissionais da educação.
"A Secretaria informa, ainda, que o movimento da Apeoesp afeta apenas 1% das escolas. O sindicato convocou a greve sem que tivesse tentado nenhuma negociação com a Secretaria da Educação, o que evidencia sua finalidade política. O movimento contesta, também, leis aprovadas na Assembleia Legislativa após amplo debate, o que indica mais uma vez o seu desprezo pelas regras da democracia.
"A Secretaria da Educação lamenta a truculência e a violência dos sindicalistas, que nesta semana fizeram baderna até mesmo dentro de um hospital. A Secretaria considera que a violência é uma tentativa do sindicato de criar um fato político, já que a rede de 5.000 escolas estaduais funciona normalmente."
Policiais jogaram bombas de efeito moral para dispersar a multidão
Colaboraram Julia Duailibi e Carolina Freitas
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