Quase 30% abandonaram supletivo para trabalhar, diz IBGE
Dos que ingressaram no curso antes de 2007, 42,7% não o concluíram.
Estudo aborda ainda educação profissional e alfabetização de adultos.
Silvia Ribeiro e Fernanda Calgaro Do G1, em São Paulo
Pedro Ribeiro deixou o supletivo para trabalhar ao menos três vezes (Foto: Arquivo Pessoal)
O estudante Pedro Ribeiro, de 25 anos, chegou a abandonar, ao menos, três vezes o supletivo por causa do trabalho. O promotor de eventos conta que sempre era seduzido por propostas de trabalho – todas à noite, bem na hora das aulas. Resultado: eram tantas faltas que ele não conseguia concluir os últimos anos do segundo grau.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), dos cerca de oito milhões de brasileiros que passaram por Educação de Jovens e Alunos (EJA), o antigo supletivo, antes de 2007, 42,7% não concluíram o curso. O principal motivo apontado foi a incompatibilidade do horário das aulas com o de trabalho ou de busca por emprego (27,9%), seguido pela falta de interesse em fazer o curso (15,6%), afazeres domésticos (13,6%), dificuldade de acompanhar o curso (13,6%), entre outros motivos.
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As informações constam do estudo “Aspectos Complementares da Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional”, um suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2007 (Pnad), divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (22).
A primeira desistência de Pedro Ribeiro se deu aos 20 anos, quando ele cursava o primeiro ano do ensino médio regular, também por causa de eventos promocionais. O estudante, que não se arrepende por ter deixado a escola tantas vezes, diz que agora sua prioridade é concluir o último semestre do supletivo. Já na reta final, ele planeja entrar na faculdade. “Estou precisando arrumar um emprego fixo. Minha prioridade agora é terminar o segundo grau. Neste semestre, só faltei três vezes às aulas.”
Na ocasião do levantamento, em 2007, do total de 2,9 milhões de pessoas a partir dos 15 anos que freqüentavam um curso de EJA, 40% cursavam a segunda parte do ensino fundamental (5ª a 8ª série); o ensino médio recebia 36,1% dos alunos e o primeiro segmento do ensino médio (1ª a 4ª série), 23,9%.
Motivo por não ter concluído o curso de educação de jovens e adultos (em %) | ||||||||
Região | Horário incompatível com horário do trabalho ou de procurar trabalho | Não teve interesse | Dificuldade de acompanhar o curso | Horário incompatível com o horário dos afazeres domésticos | Longe da residência | Longe do local de trabalho | Não conseguiu vaga | Outro |
Brasil | 27,9 | 15,6 | 13,6 | 13,6 | 5,5 | 1,1 | 0,7 | 22,0 |
Norte | 23,1 | 19,5 | 17,4 | 10,8 | 6,7 | 0,7 | 0,3 | 21,4 |
Nordeste | 20,2 | 20,0 | 16,0 | 12,2 | 4,8 | 1,1 | 0,6 | 25,1 |
Sudeste | 33,5 | 12,7 | 12,6 | 14,8 | 5,1 | 1,3 | 0,9 | 19,2 |
Sul | 29,5 | 12,9 | 11,2 | 15,0 | 6,3 | 0,8 | 0,7 | 23,6 |
Centro-Oeste | 28,6 | 17,2 | 12,9 | 12,2 | 6,2 | 1,5 | 0,7 | 20,6 |
Educação profissional e alfabetização
O levantamento também traz informações sobre cursos de qualificação profissional e de alfabetização. De acordo com o estudo, a rede privada de ensino atende a maioria (53,1%) dos alunos da educação profissional.
Dos brasileiros ouvidos - pessoas de 10 anos ou mais que frequentavam em 2007 ou haviam frequentado anteriormente cursos desse tipo -, 22,4% foram alunos de instituições públicas e 20,6% do chamado Sistema S de ensino, composto por Senai, Senac e Sebrae, entre outras instituições. Ao todo, 35,6 milhões de pessoas frequentavam em 2007 ou frequentaram anteriormente cursos de qualificação profissional.
Dentre os seis milhões de brasileiros que frequentavam, em 2007, cursos de educação profissional, 80,9% estavam no segmento da qualificação profissional e 17,6%, em cursos técnicos de nível médio.
Quanto aos cursos de Alfabetização de Jovens e Adultos (AJA), o perfil mais comum de aluno era mulher, com mais de 50 anos, nordestina, com rendimento domiciliar per capita de até um salário mínimo.
Entre as pessoas que frequentavam em 2007 ou haviam frequentado anteriormente cursos de alfabetização, 1,4 milhão eram mulheres e 1,1 milhão, homens. O Nordeste, que concentra o maior número de analfabetos no país (7,5 milhões), registrou a maioria de participantes de AJA - 1,3 milhão de pessoas. A maior parte dos alunos dos cursos tinha rendimento mensal domiciliar per capita de até um salário mínimo.
Cerca de 45% dos 1,8 milhão de alunos que fizeram este tipo de curso declararam em 2007 não saber ler e escrever um bilhete simples. A vontade de ler e escrever foi o principal motivo apontado como objetivo por quem procurou esses cursos (66%), diz o estudo do IBGE.
FONTE: www.g1.com.br
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