domingo, 19 de abril de 2009

EDUCAR PARA NAMORAR - VOCÊ SABE...

Namorados e namoradas dos filhos: entre o cuidado e o ciúme

Por Içami Tiba
Uma das características essenciais do ser humano é o de ter esperança no futuro. Os filhos são o futuro da família.

Os filhos começam a partir de onde os seus pais chegaram. Não fossem os pais, os filhos não nasceriam nem tampouco sobreviveriam sozinhos. Os pais educam seus filhos para que sejam autônomos e independentes.

Educação é um investimento a longo prazo. Um dos dividendos mais esperados dos pais é que seus filhos encontrem seus bons caminhos, constituam famílias saudáveis e lhes tragam netos.

Enquanto os filhos são pequenos, mesmo que deem trabalho para educá-los, os pais fazem parte da vida deles. A adolescência chega para dar vontade própria aos filhos. Nem sempre estas vontades são aprovadas pelos pais.
Mas tudo complica quando os filhos começam a namorar. Pois o grande sonho da continuidade da família para os pais começa pelo namoro dos filhos. Quem eles escolhem ou por quem são eles escolhidos?

Os pais têm expectativas sobre o futuro dos filhos. Se a criancinha ao pegar algo que escreva e rabiscar um desenho ou um número ou uma letra, os pais já sonham com um grande artista ou um engenheiro. Já começam a selecionar os presentes direcionados para a realização destes sonhos.
Com o(a) namorado(a) acontece o mesmo. Já pensam nos netos, na herança e fazem prospecções para o futuro. Mas para a(o) filha(o), o namorado é um simples namorado. A transitoriedade dos namoros para os jovens é natural. Namora-se muito para se escolher uma noiva... Aos pais lhes parece que o namorado é o determinante do futuro da atual família.
Atendi um casal cuja filha única foi criada e educada a "pão-de-ló". Com 15 anos ela se encantou por um rapaz de 18 anos, repetente, tatuado, enfim, um "folgado". Quanto mais o casal reprovava, tanto mais ela se apaixonava. Combinamos uma estratégia: convidar o namorado para jantar em casa.

Ele chegou de camiseta e chinelos. À mesa posta com guardanapo, vários pratos, talheres e copos, comida em travessas elegantes e refrigerante em jarro, foram todos jantar. O pai educadamente pediu que o rapaz se servisse. Ele não teve dúvidas, pegou o seu garfo, espetou no bife e colocou-o no prato de salada que estava sobre o prato maior, levantou os cotovelos e picou a carne. Todos ficaram espantados e paralisados enquanto o rapaz devorava a carne. Em seguida ele despejou o refrigerante no copo de vinho e o tomou sem usar o guardanapo. O copo ficou lambuzado de gordura. A filha ficou horrorizada e os pais nada manifestaram.

Após o rapaz sair, a filha veio correndo e perguntou a opinião do pai. Ele respondeu: "Quem tem que achar é você. Mas assim como devorou o bife, ele vai devorar você...". Ali mesmo ela acabou com o namoro.
É natural que os pais fiquem com ciúmes de quem quer que seja que leve o coração e a alma do seu filho. Os pais têm que acompanhar de perto o namoro, por mais que os namorados queiram privacidade. Confiança é algo que leva mais tempo para se adquirir do que um filho para se apaixonar. Os pais têm que saber mais sobre a nova pessoa, muito além do que o olhar do (a) adolescente onipotente apaixonado(a) pode enxergar.

Se tem antecedentes criminais, é usuário de drogas, pertence a gangues, o cuidado deve ser muito maior e os pais devem controlar o maior tempo possível não só as saídas do casal, mas também as permanências sozinhos em casa.

Caso não seja possível, é importante consultar um profissional especializado na área de relacionamentos familiares. Isso porque, principalmente na área afetiva, os pais estão demasiadamente envolvidos a ponto de perderam a objetividade necessária. É onde entra o profissional.

Içami Tiba

Psiquiatra, educador e conferencista. Escreveu “Quem Ama, Educa! Formando Cidadãos Éticos" e mais 22 livros.

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